quinta-feira, 21 de janeiro de 2016
Dez nomes e dez rostos nas eleições de domingo
O sorteio de ordenação das candidaturas no boletim de voto foi generoso com Henrique Neto e os seus apoiantes têm sabido explorar essa vantagem. Na manhã de domingo, no mercado de Pataias, era recorrente o pregão: “a 24 de janeiro vota no primeiro”.
De uma lista de 10 candidatos, Henrique Neto é o primeiro a surgir e Paulo de Morais o último. O boletim de voto a preencher pelos eleitores no próximo domingo, terá a configuração que se pode ver no modelo ao lado, retirado da página online da Comissão Nacional de Eleições.
No boletim para a eleição do Presidente da República não constam os partidos políticos que apoiam as diferentes candidaturas. Também não são utilizados prefixos no nome dos candidatos nem alcunhas, pelo que não adianta procurar pelo Professor Marcelo nem pelo Tino de Rans.
As eleições presidenciais de domingo são aquelas que, até à data, registam um maior número de candidatos. A 29 de dezembro, o Tribunal Constitucional decidiu admitir as dez candidaturas que lhe chegaram, uma vez verificada a autenticidade dos documentos e a elegibilidade dos candidatos.
Um deles pode ser eleito Presidente da República já no próximo domingo, desde que obtenha mais de 50% dos votos. Se tal não acontecer, haverá uma segunda volta entre os dois candidatos que tenham obtido maior número de votos. A existir um segundo sufrágio, terá lugar a 14 de fevereiro.
O mandato do Presidente da República é de cinco anos, podendo exercer no máximo dois mandatos consecutivos.
Onda da Nazaré impressionou candidata Maria de Belém
“A dimensão do canhão da Nazaré e este fenómeno natural da onda gigante impressiona”, afirmou Maria de Belém na passada sexta-feira, dia 15, durante uma visita ao Forte de S. Miguel Arcanjo.
Em campanha na Nazaré, a candidata às eleições presidenciais considerou a projeção gerada pela onda surfada por Garrett McNamara “um enorme ativo para o concelho e para a região” já que “aumenta o fluxo de pessoas e dinamiza a economia local”.
Mas, sublinha, “este fenómeno e a sua difusão à escala planetária é bom para a Nazaré e para Portugal, onde “temos vários polos de desenvolvimento turístico” e onde, “a importância que os desportos do mar têm é muito bem salientada, sublinhada, enriquecida e promovida”.
Antes de subir ao farol para apreciar o fenómeno que atrai milhares de turistas, a candidata passeou pela feira semanal naquela que foi a sua primeira ação de rua no âmbito da campanha eleitoral.
Sem grande clientela dada a proximidade ao final da manhã, a visita serviu, no entanto, para a candidata ouvir algumas queixas de feirantes descontentes com o “estado do país” e os “baixos ordenados”, entre outras críticas.
A jornada de campanha, na Nazaré, terminou com um almoço que juntou várias dezenas de apoiantes num dos restaurantes da vila, onde Maria de Belém Roseira assegurou que não fará “falsas promessas”.
Querendo diferenciar-se dos “políticos que fazem falsas promessas” e que com isso contribuíram para que as pessoas tenham deixado “de confiar nos políticos”, a candidata garantiu que não prometerá “aquilo que não puder cumprir” e comprometeu-se a, se for eleita, “não ser uma presidente interferente nas competências de outros órgãos de soberania”.
Em contrapartida, afirmou, “serei uma Presidente vigilante e uma Presidente com influência no sentido de mobilizar a sociedade civil também naquilo que a cada uma e a cada um de nós compete resolver”.
Antes da Nazaré, a candidata tinha estado já, nessa manhã, no concelho da Marinha Grande onde visitou a fábrica de moldes Plimat, a laborar desde 1980 e que emprega quase duas centenas de pessoas.
Na empresa Maria de Belém lembrou que “a vida foi muito dura para algumas gerações de portugueses”, entre os quais muitos dos operários e empresários daquele concelho ao qual admitiu ter “ligações afetivas” e onde terminou a visita com a inauguração de uma sede de candidatura.
Marcelo Rebelo de Sousa defende proximidade constante com os portugueses
“A Presidência da República tem de estar mais próxima das alegrias e tristezas dos portugueses e dos seus sonhos”. Foi assim que Marcelo Rebelo de Sousa introduziu na passada sexta-feira, em Leiria, um dos grandes desafios que, segundo ele, se coloca ao futuro chefe de Estado: conseguir uma “proximidade constante com os portugueses, não só física mas também espiritual”. “O Presidente tem que estar lá”, afirmou o candidato, no final de um périplo pelo distrito, perante o auditório quase cheio da Escola Superior de Tecnologia e Gestão.
Mas não só. O antigo líder do PSD apontou, entre outros desafios para Portugal, o da governabilidade.
“É preciso garantir, perante a necessidade de compatibilizar a procura da justiça com o evitar da derrapagem financeira, que o país é governável”, acrescentou, ele que prometeu ser um presidente “moderado” se for eleito, e seguir “aquele caminho intermédio, que abre vias de diálogo, sem discriminação”, e que “constrói pontes”.
Cabe ainda ao Presidente da República o exercício de uma “magistratura imparcial em termos políticos”, defendeu. “Eu serei politicamente imparcial”, assumiu, assegurando, em contrapartida, uma posição “socialmente parcial a favor dos mais pobres, dos mais carenciados, os mais discriminados e dos mais desfavorecidos”. “Há de ser uma magistratura que integre o maior número de portuguesas e de portugueses no poder político”, “de inclusão, que “não divida o país” e “não o radicalize”, sublinhou ainda, conquistando os aplausos da plateia.
O candidato iniciou o dia de campanha em Caldas da Rainha, onde foi surpreendido, segundo notícia da agência Lusa, com um “banho de multidão” e com a distribuição de autocolantes com a inscrição “Marcelo é fixe”, o mote para um “slogan” de “última hora” que ficou no ouvido de quem ali passava: “Marcelo é fixe, seja nas Caldas, seja em Peniche”.
O ex-comentador televisivo percorreu ainda a praça da Fruta e as ruas da cidade, entrando nalguns estabelecimentos comerciais, seguido dos apoiantes que se empurravam para conseguirem chegar ao candidato para lhe dar um beijinho, um abraço ou tirar uma selfie.
Depois de uma visita a uma fábrica da Marinha Grande, o candidato seguiu rumo á Nazaré onde visitou a Cooperativa de Ensino e Reabilitação de Crianças Inadaptadas da Nazaré (CERCINA) e andou num barco à vela adaptado para pessoas com deficiência, na companhia de um velejador paraplégico.
Henrique Neto elogia estratégia económica da Marinha Grande mas dispensa apoio da autarquia
O piropo já é crime, mas no mercado de Pataias ninguém se retraiu à passagem de Henrique Neto que, aos 79 anos, faz sucesso entre as senhoras. “É jeitoso este homem”, “em pessoa é mais jeitoso, vá-se conservando, está a ouvir?”.
Domingo de manhã, o candidato distribuiu folhetos da sua candidatura à Presidência da República, sorrisos e cumprimentos aos clientes de um dos maiores mercados abertos da região. “Está frio, mas tem a cara quentinha”, disse-lhe uma apoiante antes de lhe garantir o voto.
A figura de Henrique Neto não era desconhecida para a maior parte dos visitantes do mercado, sobretudo para os que residem ou trabalham na Marinha Grande. Ao REGIÃO DE LEIRIA, o candidato afirma que “o apoio é geral”, mas que “aqui” as pessoas o tratam pelo nome mais facilmente. Se isso se vai traduzir em votos, não consegue garantir.
A indústria e o desenvolvimento económico da região têm sido uma bandeira forte no discurso de campanha do candidato. Antes mesmo de mergulhar no mercado de Pataias fez questão de levar os jornalistas a uma das zonas industriais da Marinha Grande. O objetivo era “explicar qual foi o modelo de economia na região, um modelo que não depende do Estado, que se baseia nas PME, na internacionalização e na exportação e não no mercado interno, um modelo feito de energia, trabalho, estudo que é tudo aquilo que o país não faz”.
Para Henrique Neto, esta é “a estratégia alternativa à dívida”, mas que “dificilmente é compreendida pelos candidatos da situação”. “Esta região é o país com que sonhei antes do 25 de Abril e por que continuei a lutar”, disse aos jornalistas, lamentando que “os bons exemplos não sirvam ao Governo para compreender que a política económica está essencialmente errada”.
Durante largos anos empresário na área dos moldes, o candidato conhece e elogia a indústria da Marinha Grande, mas tece críticas ao trabalho da autarquia que classifica como “uma desgraça”. “A obsessão é o partido”, afirma, acrescentando que “a Marinha precisava de ter uma marca” mas que não pode ser o design, como pretendia a autarquia, porque “a Marinha não tem design tem engenharia”.
Henrique Neto, que conta com o apoio do presidente da Câmara de Leiria, Raul Castro, não colheu a mesma simpatia junto do executivo Marinha Grande. Também não a procurou. “Há apoios que é melhor não ter”, disse ao REGIÃO DE LEIRIA.
P&R Maria de Belém
1 - O que a distingue dos restantes candidatos?
A minha candidatura distingue-se de todas as outras por ser a única que representa o socialismo democrático e que não alimenta aventuras de qualquer espécie. Defenderemos o estado social e os valores humanitários de Abril, a nossa ligação à Europa e a comunidade portuguesa espalhada pelo mundo.
2 - O que vai fazer para reaproximar os cidadãos da figura da Presidente da República?
É fundamental unir os portugueses e ultrapassar as divisões que surgiram no rescaldo das últimas eleições legislativas. Qualquer que seja o presidente eleito, e se for eu assim o farei, terá que dar prioridade a esse roteiro, de forma a consolidar o tecido social português e avançar para os desafios que se vão colocar aos mais diversos níveis. Ao presidente compete antecipar divergências e construir consensos, eu serei incansável nessa demanda.
3 - De que forma pode a/o Presidente da República voltar a pôr em agenda e contribuir para a solução do problema da desertificação do país?
A desertificação do País sente-se, maioritariamente, no Interior, que vive hoje uma situação muito preocupante de dificuldade na fixação dos mais jovens e consequente envelhecimento da sua população. Embora tenha havido melhorias notáveis nos últimos anos, muito mais tem que ser feito para que haja uma distribuição equilibrada das oportunidades de desenvolvimento no País. Apesar da descentralização administrativa, do reforço do Poder Local, das capacidades das gentes em quererem sempre o melhor para a sua terra, o facto é que Portugal ainda é muito centralizador. Uma centralidade que se vive e sente em Lisboa, em primeiro lugar, e uma segunda centralidade que leva a que o litoral seja mais povoado que o Interior. É minha intenção, se for eleita Presidente da República, tudo fazer para que todos os Portugueses mereçam as mesmas oportunidades, morando em Lisboa, Leiria, no litoral ou no interior. E o Presidente da República pode e deve lutar contra as assimetrias porque elas são erradas do ponto de vista social e do ponto de vista económico. Comprometem o desenvolvimento equilibrado. Por isso são tão negativas.
4 - Como é que vê o território da região de Leiria no contexto nacional?
Tenho dito, repetidamente, que Portugal tem que descentralizar e Leiria é uma das regiões que mais tem a ganhar com isso. Pela sua dimensão e pela sua proximidade a Lisboa, há todas as condições para fazer de Leiria uma região mais acolhedora e sustentada para os que nela querem crescer e viver. É de Leiria que nos chegam também alguns produtos de excelência, fruto do trabalho árduo daqueles que se dedicam aos diferentes sectores na região. Este potencial, a par do turismo sustentável, do turismo histórico e natural, deve deixar-nos otimistas para o futuro da região.
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