"Sou o candidato que reúne o apoio dos três presidentes da República”
1 - O que o distingue dos restantes candidatos?
O facto de eu não ter um percurso partidário de décadas dá-me uma isenção, uma independência e imparcialidade que considero serem fatores preponderantes para o exercício da função presidencial. Não tive atividade partidária mas sempre tive atividade política, que são coisas distintas. Quando, no tempo da ditadura, encenei e representei peças proibidas pelo fascismo, foi uma atitude política. Desde os tempos de Coimbra que participo em acesos debates académicos pela liberdade, luta contra o antigo regime, em 1974/75 trabalhei em grupos de dinamização cultural e cívica, trabalhei na Comissão de Extinção da PIDE/DGS, colaborei no jornal República, antes e depois de Abril, participei em campanhas de alfabetização junto de associações, de comissões de moradores, de iniciativas locais, sou o único candidato com experiência na Presidência da República, pois trabalhei vários anos na Casa Civil do Presidente Jorge Sampaio. Tudo isto é experiência política. Uma vida inteira dedicada ao serviço público é, também, uma atitude política. Sou o único que, vindo de um lugar de isenção e independência, reúne as melhores condições para interpretar este novo tempo novo que estamos a viver. Novo tempo requer um novo presidente com esta visão isenta e imparcial. Além disso, sou o candidato que reúne o apoio dos 3 presidentes da República - Ramalho Eanes, Mário Soares e Jorge Sampaio. Quem é que perceberá melhor o perfil e papel que se espera de um Presidente da República? Eu confio no vaticínio e endosso destas 3 figuras da história nacional.
2 - O que vai fazer para reaproximar os cidadãos da figura do/a Presidente da República?
Se os portugueses em mim confiarem o voto, serei um Presidente presente, isto é, junto das pessoas. Uma das coisas que mais tenho ouvido pelo país é que as pessoas se sentem esquecidas. O até atual PR infelizmente tem contribuído para esse esquecimento. Eu serei um Presidente próximo das pessoas. Penso que a política tem que ser bem explicada, com tempo, olhos nos olhos, as decisões têm de ser claras, transparentes, sem opacidades nem partes blindadas, têm de ser apresentadas, discutidas escrutinadas. Reaproximamos os cidadãos do Presidente ouvindo muita gente, gente de carne e osso, e não apenas os números. Correndo o país, visitando os sítios onde estão as pessoas, e não apenas as sedes da intriga, prometendo lugares aos apoiantes ou assentando arraiais nos estúdios de televisão.
3 - De que forma pode o/a Presidente da República voltar a pôr em agenda e contribuir para a solução do problema da desertificação do país?
Portugal não tem parado de encolher nas últimas décadas. Travar a desertificação humana do interior do país é uma questão de sobrevivência, não apenas do interior mas de todo Portugal.
Portugal é hoje infelizmente um país bloqueado: bloqueio económico, um bloqueio social e um bloqueio institucional. Falo do défice de qualificações que trava a nossa economia. Falo da fratura social, que se manifesta pela pobreza ou pelas desigualdades, pela desertificação e abandono do interior do país ou pelo desemprego e emigração. Falo da degradação da confiança dos cidadãos nas instituições democráticas. Para ultrapassarmos, juntos, estes bloqueios, precisamos de uma estratégia nacional e de uma Presidência capaz de unir diversas forças em torno de um objetivo, de uma ideia de futuro. E defendo um Compromisso Estratégico para um Crescimento Partilhado que, passando pela Assembleia da República e pela Concertação Social, assegure a estabilidade de políticas de qualificação e solidariedade para além do ciclo curto da legislatura, que consagre medidas específicas, entre outras, de combate à desertificação.
4 - Como é que vê o território da região de Leiria no contexto nacional?
Leiria tem sofrido muito com a crise de austeridade e a asfixia social e económica dos últimos anos. Mas é uma região com um enorme potencial que não pode ser desperdiçado. Conheço bem a qualidade do ensino em Leiria, que se tem afirmado, e não podemos continuar impávidos perante a emigração dos jovens que, depois de os pais terem apostado na educação e na qualificação, vêm os seus filhos emigrarem por falta de oportunidades de emprego. Leiria tem de apresentar condições para que as pessoas se fixem na região, invistam na região, apostem na região. Mas isso não se faz com desajustamentos administrativos, não se faz com serviços de saúde deficitários em que as pessoas têm de deslocar-se quilómetros para conseguirem atendimento acreditado. Leiria não pode ser um centro de passagem entre duas autoestradas. Nem pode ser uma região de tamanhas assimetrias: a grande dinâmica do litoral com médias de empregabilidade, de poder de compra e de bem-estar acima das médias do país, contrasta com os concelhos do norte do distrito (Ansião, Alvaiázere, Figueiró dos Vinhos, Castanheira de Pera e Pedrógão Grande) a caminho da desertificação e os acessos ainda são muito deficientes de modo a poderem atrair a fixação de empresas. Se alguns dos temas, pela sua especificidade não são da direta responsabilidade do PR, o combate às assimetrias regionais deve ser uma das preocupações centrais de um Presidente da República. E, neste caso, a região tem um potencial, uma centralidade única, uma posição geográfica, um tecido empresarial, uma força social, uma resiliência que merecem por parte dos poderes centrais outro tipo de atenção.
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